Bilionários desligam o celular e entram na sauna: onde o poder respira

De Davos aos resorts de luxo em Dubai, passando por casas discretas em Beverly Hills e clubes privados em Nova York, a sauna está reassumindo seu lugar como espaço de poder e decisão.

Bruno Richards 18 Jun 2025
Mais suor, menos PowerPoint: a sauna como símbolo do novo networking de luxo

Mais suor, menos PowerPoint: a sauna como símbolo do novo networking de luxo

A sauna como nova sala de reunião dos bilionários

De Davos aos resorts de luxo em Dubai, passando por casas discretas em Beverly Hills e clubes privados em Nova York, a sauna está reassumindo seu lugar como espaço de poder e decisão. Mais do que um ritual de bem-estar, tornou-se o novo "boardroom" de uma elite que valoriza privacidade, foco mental e conexões autêuticas.

Nos países nórdicos, a prática já era consolidada. Na Finlândia, órgãos do governo e grandes empresas têm saunas instaladas em suas sedes. Reuniões entre executivos, diplomatas e até chefes de Estado ocorrem, há décadas, entre vapor e madeira aquecida. A tradição se baseia em um princípio simples: o calor dissolve formalidades e cria um ambiente mais direto e honesto.

Agora, esse modelo tradicional ganha nova roupagem nas elites empresariais de tecnologia, finanças e wellness do Ocidente. Figuras como Peter Thiel, Jeff Bezos, membros da a16z, da Stripe e o bilionário Jack Dorsey (que afirma frequentar saunas diariamente) incorporaram o hábito em suas rotinas. Não só pelo bem-estar, mas pelo tipo de conexão e foco que o ambiente propicia.

O luxo do calor e do isolamento Em uma era de hiperconectividade e burnout, a sauna oferece um refúcio estratégico: sem celular, sem câmeras, sem distrações. Apenas conversa direta. A vulnerabilidade física (suor, calor, ausência de roupas formais) cria um ambiente propício para trocar ideias com menos barreiras hierárquicas.

Empreendimentos como Equinox, Six Senses, Aman Resorts e Soho House têm criado saunas de alta performance para CEOs, investidores e consultores. Clubes privados em Londres, Zurique e Cingapura estão aderindo ao modelo de "sauna clubs" — com listas fechadas e serviços integrados de networking.

Dados e wellness: um novo tipo de networking O mercado global de wellness corporativo já ultrapassa US$ 60 bilhõesanuais, segundo o Global Wellness Institute. Parte desse crescimento se deve à incorporação de espaços como spas e saunas nas rotinas de decisão e planejamento de grandes empresas.

Em alguns escritórios de venture capital do Vale do Silício, já existem salas de sauna anexas às salas de conferência. A ideia: relaxar o corpo e a mente para estimular ideias com mais clareza e franqueza.

Em tempos de ruído constante, burnout e excesso de formalismo, o verdadeiro luxo pode estar no calor silencioso de uma sauna. Para a nova aristocracia global, o suor virou mais eficaz que uma sala envidraçada. E talvez, entre vapores e pausas térmicas, estejam sendo traçadas algumas das próximas grandes estratégias do mundo corporativo.

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