Novo ESG? Faria Lima descobre o conceito de “Biblicamente Responsável”
Empresas biblicamente responsáveis entram no radar de investidores e fundadores que buscam alinhar fé, propósito e performance — em um Brasil onde mais de 30% dos empreendedores dizem se guiar pela espiritualidade

Victor Reis, fundador Grupo Med+
Nos últimos anos, o mundo corporativo assistiu à ascensão — e ao desgaste — de termos como “diversidade”, “woke” e “ESG”, impulsionados por uma pressão cultural vinda de dentro e fora das organizações. O que começa a surgir agora, discretamente, é um novo eixo de valores que pode influenciar os negócios nos próximos anos: a ética cristã aplicada à gestão empresarial.
Ainda que pouco discutido fora de certos círculos, o movimento das Empresas Biblicamente Responsáveis (EBRs) já mobiliza mais de 25 mil companhias no mundo — e começa a ganhar força no Brasil. Por aqui, onde 86% da população se declara cristã, e onde a força política e econômica dos evangélicos cresce a cada ciclo eleitoral, fundadores e investidores passam a olhar com atenção para empresas que alinham lucro a princípios como integridade, justiça e compaixão.
“Biblicamente responsável” não significa empresa religiosa — mas sim negócios que operam com base em valores inspirados nas escrituras, como honestidade, responsabilidade e amor ao próximo. Em tempos de consumidores céticos e colaboradores exigentes, a coerência entre o que se diz e o que se pratica virou diferencial competitivo.
#ESG 2.0? Ou apenas uma volta às raízes?
Assim como o ESG ambiental conquistou Wall Street ao provar que sustentabilidade gera valor, empresas orientadas por princípios morais claros também começam a ser vistas como mais confiáveis, duradouras e estáveis. Um estudo da Barna Group revela que 84% dos líderes empresariais cristãos nos Estados Unidos afirmam que sua fé influencia diretamente decisões estratégicas. No Brasil, a estatística é menos documentada, mas igualmente palpável: ao menos 30% dos pequenos empreendedores afirmam que suas escolhas profissionais são moldadas pela fé.
Com a população evangélica devendo ultrapassar os 36% até 2026, não é só no consumo e no voto que esse público se impõe. Ele também dita comportamentos de marca, estratégias de marketing e, agora, novos modelos de gestão.
#A imersão dos “Reis”
É nesse contexto que será realizada, no próximo 06 de junho, a imersão Entre Reis, liderada por Victor Reis, fundador do Grupo Med+ — a maior empresa de emergências médicas em aeroportos e estradas da América Latina, com faturamento superior a R$ 1,8 bilhão.
Victor, que fundou a empresa após ser demitido por justa causa por um erro de procedimento, transformou o revés em uma filosofia de negócios centrada em propósito, empatia e liderança de impacto. Hoje, seu grupo é referência em “capitalismo consciente”, com práticas que priorizam o bem-estar dos colaboradores e dão espaço privilegiado às mulheres nos cargos de liderança.
Segundo Victor, “toda empresa é reflexo da consciência do seu fundador” — e o verdadeiro sucesso começa quando há alinhamento entre aquilo que se acredita, se pratica e o impacto que se gera. A imersão “Entre Reis” propõe uma jornada de reconexão com valores essenciais — sob temas como “Negócios que nascem para servir, nunca morrem.”
#Sinal dos tempos?
A linguagem pode incomodar executivos acostumados ao vocabulário laico do business. Mas é difícil ignorar os números. O Brasil é um dos países mais cristãos do mundo. E a busca por sentido, coerência e pertencimento nunca esteve tão forte — especialmente entre consumidores de gerações mais novas, como a Z e a Alpha.
É cedo para saber se as EBRs serão o novo ESG. Mas uma coisa é certa: em tempos de excesso de ruído, empresas com valores claros e líderes com princípios sólidos tendem a atrair mais confiança — e, com ela, mais capital.