Por que os filhos dos bilionários estão estudando agricultura, IA e filosofia?

Na nova geração de famílias ultra-ricas, um movimento silencioso está em curso: herdeiros e filhos de bilionários estão sendo preparados não apenas para manter fortunas, mas para repensar o próprio mundo.

Lucas Aranha 20 Jun 2025
Colégio UWC

Colégio UWC

Um novo currículo da elite para construir o pós-sistema

Na nova geração de famílias ultra-ricas, um movimento silencioso está em curso: herdeiros e filhos de bilionários estão sendo preparados não apenas para manter fortunas, mas para repensar o próprio mundo. Ao contrário do passado — onde MBA, economia ou direito eram caminhos quase obrigatórios —, hoje, jovens da elite estão buscando formações híbridas, que mesclam agricultura regenerativa, inteligência artificial e filosofia estoica.

Um novo tipo de formação

Essa reconfiguração curricular reflete uma percepção crescente entre grandes fortunas: o futuro será moldado por quem entende de produção alimentar, algoritmos e sentido existencial. Os riscos climáticos, a automação do trabalho e a crise de propósito da sociedade digital criaram um novo imperativo entre os sucessores: ser útil — e não apenas rico.

De Galileu a GPT-4

Nas salas de aula (e estufas de pesquisa) de escolas de elite como o UWC Atlantic College, no País de Gales — onde estudaram herdeiros da família real europeia, CEOs da nova economia e filhos de magnatas da Ásia e do Oriente Médio —, o currículo é orientado por um propósito: formar cidadãos globais com senso de responsabilidade e visão sistêmica. O colégio mescla disciplinas como biologia regenerativa, ética ambiental, sistemas computacionais e debates filosóficos sobre o papel do indivíduo na sociedade.

Fazendas, códigos e metafísica

Muitos desses jovens hoje combinam estágios em startups de clima com retiros de filosofia estoica, práticas em fazendas de permacultura com cursos avançados de inteligência artificial. A ideia é desenvolver não apenas hard skills, mas uma bússola moral para navegar (e influenciar) o mundo em colapso.

Empresas familiares têm incentivado esses caminhos alternativos, vendo neles uma forma de garantir que os sucessores tenham visão de longo prazo, inteligência prática e, acima de tudo, empatia — um ativo escasso nos ciclos de poder atuais.

Pós-sistema: o que vem depois?

Esses jovens não estão apenas aprendendo o sistema. Estão, aos poucos, desenhando o que vem depois dele — onde dinheiro, terra, dados e ideias coexistem como ferramentas de reconstrução. É o início de um novo tipo de elite: menos preocupada em parecer dominante e mais focada em construir alternativas.

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