Soho House, Core, Aman Club: por que o networking da elite virou um serviço por assinatura
Clubes privados oferecem mais que status: são hubs de influência, acesso e negócios

Soho House, SP
A nova geração de milionários e bilionários não quer apenas privacidade — quer contexto. E é isso que clubes privados como Soho House, Core Club (Nova York), Aman Club (global) e Silencio (Paris) estão oferecendo: curadoria de espaços, pessoas e experiências onde o capital circula com mais fluidez, sem intermediações nem pitch decks formais.
Em vez de reuniões frias no Zoom ou eventos lotados, surgem almoços com três investidores ao lado, uma exposição com colecionadores de arte estratégica, um jantar com fundadores que acabaram de vender sua startup. O ambiente faz a ponte, a conversa acontece de forma natural — mas com potencial de milhões.
#Crescimento silencioso, mas global
O modelo de clubes privados explodiu pós-pandemia. Em um mundo onde quase tudo se tornou digital, o presencial voltou com força entre quem tem dinheiro — mas agora com mais filtro. O que era antes visto como um luxo excêntrico, tornou-se uma estratégia de posicionamento e crescimento.
A Soho House, por exemplo, tem hoje mais de 40 unidades pelo mundo, com novos projetos em cidades como Bangkok, Miami, Cidade do Cabo e Lisboa. Desde sua fundação em Londres, a empresa deixou de ser apenas um clube de criativos e passou a atrair fundadores de startups, investidores, executivos de empresas tech, personalidades da moda, arte e entretenimento.
A Soho House São Paulo, aberta em 2023 em um casarão histórico no bairro Cidade Matarazzo, é um reflexo dessa transformação. Com anuidade de R$ 23.000 para acesso global e R$ 14.000 para acesso apenas local, a unidade brasileira já virou ponto de encontro de quem transita entre arte, tecnologia, moda e venture capital. Os membros passam por um processo de seleção que busca diversidade criativa e profissional — mas com exigência implícita de repertório, influência ou capital.
#O que esses clubes oferecem — além de arquitetura bonita
Não se trata apenas de um restaurante exclusivo ou uma piscina silenciosa. A proposta vai além do ambiente físico:
Eventos privados com speakers globais, apresentações de artistas, painéis de inovação e lançamentos de marcas;
Espaços de trabalho integrados a bares e lounges, que promovem encontros informais e reuniões estratégicas;
Dormitórios boutique e suítes para membros em trânsito, em cidades como Londres, Berlim, Nova York, Roma e agora São Paulo;
Atividades de bem-estar como ioga, meditação, massagens e menus saudáveis, posicionando o clube também como um espaço de cuidado pessoal.
Tudo é desenhado para manter o círculo fechado, silencioso e produtivo.
#O que acontece lá dentro
Startups que captaram rodadas, fundos que se conectaram a family offices, coleções de arte que foram negociadas. Os clubes não divulgam publicamente os negócios fechados dentro de suas paredes — mas é sabido que nomes como WeWork, Nasty Gal e Glossier iniciaram seus primeiros contatos com investidores em eventos internos da Soho House.
Os clubes também se tornaram hubs para uma nova economia — onde dinheiro, criatividade e influência cultural se encontram. Membros incluem diretores da LVMH, founders da indústria tech europeia e brasileira, atrizes de cinema independente, editores de revistas, artistas contemporâneos e gestores de fundos de venture capital.
Conclusão
O novo luxo não é sobre ostentação. É sobre contexto, acesso e tempo bem investido. Para quem circula no topo da pirâmide, pagar milhares por ano para estar no lugar certo, com as pessoas certas, é visto menos como despesa — e mais como estratégia.