A nova geração do luxo brasileiro começa com um relógio

Com vendas majoritariamente orgânicas, marca brasileira atrai investidores e cria fãs.

Entrevista exclusiva com o CEO e fundador Thiago Chiká revela como a ACTO está conquistando espaço entre gigantes globais com identidade, escassez e alma brasileira — e se preparando para a expansão internacional

Criar uma marca de relógios no Brasil que concorre com grifes centenárias internacionais poderia parecer insano para muitos. Para Thiago Chiká, fundador e CEO da ACTO Watches, foi uma missão.

“A ACTO nasceu com uma proposta ousada: criar uma nova categoria entre marcas tradicionais e marcas de luxo”, conta em conversa com a Not Journal.

Segundo Chiká, a marca surgiu ao identificar uma lacuna clara no mercado: entre relógios acessíveis, com foco puramente funcional, e grifes internacionais com preços altíssimos e pouca conexão com o Brasil.

“Faltava algo no meio. Uma marca com design autoral, produto de qualidade e posicionamento aspiracional — mas com alma brasileira”.

Escassez, propósito e desejo

Além do design arrojado, a ACTO aposta em escassez e storytelling como diferenciais.

“Não numeramos as peças por marketing, mas por respeito ao processo”, afirma Chiká.

Cada modelo é produzido em quantidades limitadas e carrega uma história.

“A escassez preserva o valor. A narrativa conecta. E o desejo nasce da combinação dessas duas coisas”.

Uma tribo, não um produto

No último ano, a ACTO registrou mais de mil pedidos em seu e-commerce — e com 25% de recompra de clientes. A maioria das vendas vem do boca a boca.

“Quem vê o relógio ao vivo se impressiona. Muitos não acreditam que é uma marca brasileira”, diz o fundador.

O encantamento é tanto que alguns clientes já manifestaram interesse em se tornar investidores da empresa.

Em ritmo acelerado, a ACTO cresce mais de 100% ao ano, impulsionada por vendas orgânicas e forte fidelização dos clientes.

Parcerias com propósito — e Fórmula 1 no radar

A collab com o designer Erich Shibata marcou um momento de forte identidade visual para a ACTO. Mas Thiago Chiká reforça que, na marca, parcerias não são sobre alcance, mas sobre coerência.

“Temos planos de futuras collabs com designers, atletas e até um piloto de Fórmula 1 que compartilham da nossa visão”, antecipa.

Ele também revela que está em conversas com fundos de investimento que se interessaram pela força orgânica da marca e pelo engajamento de sua base.

“Nosso foco não é reconhecimento. É relevância”, afirma.

Do Brasil para o mundo

Chiká deixa claro que o objetivo da ACTO sempre foi ter uma visão global.

“Queremos levar nossa estética e nosso propósito do Brasil para o mundo. Não queremos imitar ninguém — queremos criar algo com identidade, alma e coragem”.

Conselho para novos empreendedores

Perguntado sobre o que diria a um jovem empreendedor brasileiro que deseja competir com marcas globais, Thiago Chiká é enfático:

“O maior erro é tentar imitá-las. As grandes marcas não nasceram com pedigree, mas com coragem e uma obsessão irracional por fazer algo do seu jeito”.

Para ele, o Brasil tem talento, criatividade e um consumidor exigente.

“O que falta, muitas vezes, é ambição com consistência. Não basta sonhar grande — tem que construir grande também. Com verdade. Encontre algo que só você pode dizer. E depois, diga isso com tudo o que tem”.