Polymarket aposta no caos político, chega a US$ 1 bilhão

A Polymarket, plataforma descentralizada de apostas em eventos futuros, está finalizando uma rodada de US$ 200 milhões que eleva seu valuation a US$ 1 bilhão.

Bruno Richards 24 Jun 2025
Shayne Coplan (nascido em 1998) é um empresário americano, tecnólogo e fundador e diretor executivo (CEO) da Polymarket, um mercado de previsão.

Shayne Coplan (nascido em 1998) é um empresário americano, tecnólogo e fundador e diretor executivo (CEO) da Polymarket, um mercado de previsão.

Polymarket aposta no caos político, chega a US$ 1 bilhão

A Polymarket, plataforma descentralizada de apostas em eventos futuros, está finalizando uma rodada de US$ 200 milhões que eleva seu valuation a US$ 1 bilhão. O cheque é liderado pelo Founders Fund, de Peter Thiel, com participação de Vitalik Buterin, General Catalyst e outros fundos que enxergam nos “mercados de previsão” uma vantagem estratégica para antecipar crises, eleições e decisões de governo.

#Como nasceu

Fundada em 2020 por Shayne Coplan, então com 22 anos, a Polymarket foi criada sob a premissa de que milhares de apostadores, movidos por incentivo financeiro, preveem o futuro melhor que institutos e analistas tradicionais. O projeto rodou em blockchain (Polygon) desde o primeiro dia e cresceu à margem dos reguladores dos EUA.

#O estouro em 2024

Durante a campanha presidencial americana de 2024, a plataforma viu o volume negociado saltar para US$ 8 bilhões. Dias antes da apuração, os contratos atribuíram cerca de 60 % de probabilidade à vitória de Donald Trump — muito acima de pesquisas tradicionais. A aposta se confirmou nas urnas, e o tráfego da Polymarket superou nomes como FanDuel e DraftKings.

Pouco depois, a startup assinou acordo com a xAI, de Elon Musk, para servir como “feed oficial” de previsões públicas. Bancos de investimento — Goldman Sachs entre eles — começaram a consumir os dados da Polymarket para calibrar modelos de risco geopolítico e volatilidade macro.

#Controvérsias

Multa da CFTC – Em 2022 a plataforma pagou US$ 1,4 milhão e prometeu bloquear apostadores americanos por operar sem licença.

Investigação do FBI – Em novembro de 2024, agentes apreenderam o celular de Coplan em Nova York. A suspeita: a Polymarket teria permitido trades de usuários dos EUA por meio de VPNs, descumprindo o acordo.

Wash trading & “whales” – Pesquisadores detectaram uso de múltiplas carteiras para inflar volumes e um único apostador francês que lucrou estimados US$ 85 milhões nos mercados pró-Trump, levantando dúvidas sobre manipulação.

#Estrutura de poder

Coplan mantém super-voto no conselho. Mesmo diluindo ações para levantar capital, conserva controle total sobre direção, listagem de mercados e parcerias.

#Por que importa

  • Dados em tempo real — fundos e governos testam a ideia de que mercados abertos geram inteligência coletiva melhor que sondagens fechadas.

  • Regulação em xeque — o modelo pressiona EUA e UE a definirem se previsão com dinheiro é pesquisa, derivativo ou jogo.

  • Aposta de Thiel — para o bilionário libertário, lucrar com incerteza política é investir onde o “sistema” ainda não consegue mensurar risco.

A rodada de US$ 200 milhões — prevista para as próximas semanas — define se a Polymarket consolidará a posição de “Bolsa de apostas do mundo real” ou se ficará conhecida como o maior experimento cripto. Por enquanto, investidores pagam caro para ter um assento nessa mesa onde o futuro vale dinheiro — e caos vale oportunidade.

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