Suíça abre portas para startups brasileiras com programas que unem ciência, mercado e sustentabilidade

Com uma infraestrutura sólida em ciência, tecnologia e inovação, a Suíça se destaca como um polo estratégico para startups que buscam ambiente estável, conexões qualificadas e oportunidades de colaboração internacional.

Lucas Aranha 18 Jun 2025
Suiça

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#Inovação em dois tempos: a ponte Brasil-Suíça que conecta ciência, startups e sustentabilidade


Parte essencial desse ecossistema é a Swissnex, rede global ligada ao governo suíço, presente no Brasil desde 2014. Atuando como uma ponte entre os dois países, a organização conecta empreendedores, universidades e pesquisadores, promovendo parcerias em educação, ciência aplicada e empreendedorismo.


Segundo Vincent Neumann, diretor de projetos da Swissnex Brasil, o segredo está na capacidade do país em transformar conhecimento acadêmico em soluções de mercado. “Há uma forte colaboração entre indústria, academia e governo. Por isso, muitas deep techs surgem em universidades e escalam rapidamente”, explica. Cerca de 20% dos fundadores suíços têm mestrado ou doutorado, e mais de 25% das startups locais atuam com pautas ESG, refletindo o compromisso com a sustentabilidade.


Apesar do tamanho geográfico reduzido, a Suíça atrai empreendedores de várias nacionalidades. “É um ambiente naturalmente internacionalizado, com quatro línguas oficiais e alta diversidade cultural”, destaca Isabela Temístocles, gerente de startups da Swissnex Brasil. Segundo ela, a maioria das startups suíças tem ao menos um cofundador estrangeiro — e essa abertura também atrai o interesse de brasileiros.

#Conexão entre ecossistemas


Com sedes no Rio de Janeiro e em São Paulo, a Swissnex atua no Brasil promovendo eventos, programas de formação e missões internacionais. O destaque é o Academy Industry Training (AIT), que apoia pesquisadores brasileiros na jornada para transformar ciência de ponta em inovação aplicável ao mercado. Outro exemplo é o nexBio Amazônia, iniciativa voltada à bioeconomia da floresta, conectando startups brasileiras e suíças para soluções sustentáveis em cadeias produtivas locais. Já o Pantanal Science Camp oferece uma imersão científica para pesquisadores de ambos os países.


A missão da Swissnex, no entanto, vai além da facilitação de negócios: ela atua também como mediadora cultural. “As formas de fazer negócios são diferentes. No Brasil, há mais informalidade e peso nas relações pessoais; na Suíça, o ambiente é mais direto e técnico. Nosso papel é ajudar os dois lados a se entenderem”, diz Neumann. Treinamentos específicos ajudam empreendedores suíços a lidarem com a burocracia brasileira, enquanto startups brasileiras recebem apoio para entender como se posicionar no competitivo mercado europeu.

#Perspectivas de futuro


A internacionalização é vista de forma distinta nos dois países. Na Suíça, é uma questão de sobrevivência: com um mercado interno pequeno, escalar para fora é obrigatório. Já no Brasil, embora o mercado doméstico seja robusto, a expansão internacional representa uma alavanca estratégica. “Ainda existe um desafio de percepção. As startups brasileiras têm potencial global, mas muitas vezes não se veem como parte desse cenário”, observa Isabela.


Com a COP30 no horizonte, a Swissnex planeja intensificar sua atuação no Brasil, promovendo encontros voltados à preservação da biodiversidade e à inovação climática. “Queremos transformar a COP30 em uma plataforma para lançar novos projetos em sustentabilidade”, afirma Vincent. Além disso, estão previstos programas de soft landing para startups suíças que desejam se estabelecer no Brasil e iniciativas voltadas a soluções em infraestrutura.


Mesmo com os avanços, os dois ecossistemas compartilham um desafio em comum: o acesso a capital. “A captação de investimentos ainda é um gargalo tanto no Brasil quanto na Suíça. É uma frente que precisa amadurecer”, conclui Vincent.


Com ações que equilibram ciência, mercado e sustentabilidade, a Swissnex continua construindo pontes entre os dois países — e abrindo novos caminhos para uma inovação verdadeiramente global. As informações foram apuradas pela startups.com.br.

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